Neste novo capítulo da série investigativa que resultou na operação da Polícia Federal no último dia 11, nesta edição O Verificador investiga o caso Luiz Antonio Mossun Iabiku Filho
Dando sequência à série de reportagens investigativas de O Verificador, nossa atenção alcança a história de Luiz Yabiku, um recorrente candidato a vereador em Sorocaba que em 2024 alcançou o patamar de suplente, pautando sua candidatura na redução de burocracias e na simplificação de processos administrativos.
Acontece que os seus 1.658 eleitores não faziam ideia de que o político levaria isso a risca, simplificando para si até mesmo o processo de graduação em engenharia elétrica, por meio da compra de um diploma falso em vez de fazer uma graduação regular.
Documentos a que teve acesso O Verificador demonstram que Luiz Antonio Mossun Iabiku Filho é mais um envolvido no escândalo de diplomas fraudados descortinado pela nossa reportagem, que resultou na primeira fase da Operação Código 451 da Polícia Federal, que já realizou buscas e prisões em diversos estados e no Distrito Federal.
Luiz Antonio Mossun Iabiku Filho, de 48 anos, ostenta publicamente a imagem de um engenheiro de sucesso, com mais de trinta anos no ramo da segurança do trabalho e como bombeiro, porém recentemente resolveu dar uma virada na sua trajetória, se beneficiando de um diploma falso para obter um registro de engenheiro elétrico junto ao Crea/SP.
Perfil de Yabiku em uma rede social – Fonte: Reprodução
Durante semanas, a equipe de investigação de O Verificador analisou documentos, interceptou conversas, acessou plataformas digitais clandestinas e realizou verificações junto a órgãos reguladores para desmontar o que é um caso grave de uso de documento falso para exercício da profissão de engenheiro.
Os documentos obtidos por O Verificador revelam que Luiz Yabiku se utilizou de meios espúrios para adquirir o suposto diploma, que posteriormente foi utilizado para ampliar a fraude para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia.
A história se torna ainda mais impactante quando se nota que o político já era engenheiro civil e possui registro profissional em segurança do trabalho junto ao Crea/SP, o que nos leva a crer que o diploma falso foi obtido por mero capricho ou ganância, tornando ainda mais grave a sua conduta.
O diploma é falso — e sabemos disso porque vimos tudo
O Verificador teve acesso a conversas inéditas e reservadas entre Luiz Antonio Mossun Iabiku Filho e intermediários da rede que falsificava diplomas universitários — registros que comprovam que ele não foi vítima do sistema, mas parte consciente dele. As trocas de mensagens, que integram documentos em posse da redação, mostram:
- Negociação direta com vendedores ilegais;
- Pedido específico de diploma em nome da Universidade Estácio de Sá — com datas retroativas de conclusão do curso e menção à área de Engenharia Elétrica;
- Discussão sobre como burlar exigências do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), inclusive mediante negociações de registros facilitados;
- Confirmação do uso do documento para tentar obtenção de registro profissional, sem ter cursado sequer um ano da graduação.
Foto de urna.
O conteúdo é extenso, contundente e técnico. E será publicado gradualmente como parte da série de reportagens especiais ao longo desta semana. A cada novo capítulo, nomes serão revelados, doações de campanha serão escrutinadas e documentos serão expostos com novas frentes da investigação que se tornarão públicas.
O início
No último dia 11, a Polícia Federal deflagrou uma operação de combate à venda ilegal de diplomas de medicina, que foi noticiado com exclusividade por O Verificador.
Em uma das maiores operações contra fraudes educacionais da história do país, a Polícia Federal realizou uma ação nacional contra um grupo criminoso especializado na falsificação e venda de diplomas de ensino superior. Os documentos eram usados para conseguir registros em conselhos profissionais e exercer ilegalmente profissões sensíveis como Medicina, Engenharia, Psicologia e Biomedicina.
Modelo dos diplomas que eram comprados pelos criminosos.
Rastreamento digital e documentos secretos
Nossa equipe descobriu o endereço digital de uma plataforma clandestina utilizada para autenticar diplomas falsos em nome da Universidade Estácio de Sá. Ali, escondido sob camadas de segurança digital precária, estava o nome de Luiz Yabiku.
O que veio a seguir também se repete: um pedido de registro junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP) foi submetido de forma clandestina, segundo fontes com acesso ao sistema interno do órgão. Os documentos apresentados — segundo relatos obtidos sob reserva — continham formatos, assinaturas e selos idênticos aos já identificados como fraudulentos em dossiês anteriores.
Mais grave: o pedido não foi feito de maneira formal. Yabiku utilizou novamente procedimentos escusos para tentar validar sua falsa titulação junto ao CREA.
Outro lado
Procurado pela nossa reportagem, Luiz Yabiku admitiu ter adquirido o diploma por meio dos criminosos, afirmando que precisava do documento para fins próprios.