Autópsia aponta que óbito de Juliana Marins na Indonésia ocorreu 20 minutos após a queda
Trauma contundente foi apontado como causa da morte; hipotermia é descartada
27/06/2025 11:17
Foi divulgada nesta sexta-feira (27) a autópsia realizada no Hospital Bali Mandara, em Denpasar, que concluiu que a brasileira Juliana Marins morreu em decorrência de “fraturas múltiplas e lesões internas” provocadas pela queda em um barranco do Monte Rinjani, na Ilha de Lombok. Segundo o médico-legista Ida Bagus Putu Alit, os ferimentos foram tão extensos que levaram à morte em menos de 20 minutos, sem qualquer sinal de hipotermia.
Lesões fatais
O exame identificou arranhões, escoriações e fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa. Essas lesões atingiram órgãos internos e provocaram hemorragia significativa. “A vítima sofreu ferimentos devido à violência e fraturas em diversas partes do corpo. A principal causa de morte foram ferimentos na caixa torácica e nas costas”, detalhou Alit.
Os peritos estimam que Juliana tenha permanecido viva por cerca de 20 minutos após o trauma, tempo insuficiente para qualquer intervenção médica no local. A ausência de sinais de retração orgânica também indica que a morte ocorreu logo após a queda, sem processo prolongado de sangramento.
O corpo da publicitária foi transferido de ambulância do Hospital Bhayangkara, em Lombok, para Bali dentro de um freezer, viagem que consumiu várias horas e dificultou a determinação exata do horário do óbito. A falta de peritos na província de origem obrigou o uso desse aparato para preservar o corpo.
Críticas ao socorro
Nas redes sociais, internautas e a família de Juliana questionam a velocidade da operação de busca e resgate. “Juliana sofreu negligência grave por parte da equipe de resgate. Se tivessem chegado em até sete horas, ela ainda estaria viva”, publicou em seu perfil a conta @resgatejulianamarins, que diz representar os parentes.
O chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani, Yarman Wasur, e a Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas) afirmam ter seguido os procedimentos padrão e alegam que clima extremo e topografia acidentada atrasaram o socorro. Segundo Wasur, cerca de 50 socorristas foram mobilizados assim que receberam o alerta, mas as condições do terreno e as variações meteorológicas limitaram o avanço das equipes.
O governo federal, por meio do Itamaraty, e a Prefeitura de Niterói assumiram as despesas para o translado do corpo de Juliana ao Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou apoio integral à família, incluindo o voo de repatriação, enquanto o prefeito Rodrigo Neves (PDT) se comprometeu com os custos do velório e sepultamento na cidade natal.
Especialistas em montanhismo alertam para a necessidade de reforçar a infraestrutura de segurança no Rinjani, como instalação de barreiras, guias capacitados e pontos de vigilância. Escaladores veteranos apontam que a rota exige preparo físico rigoroso e equipamentos adequados, pois falhas de orientação e condições adversas costumam resultar em acidentes.
Próximos passos
Em resposta ao episódio, a gestão do parque nacional promete revisar seus procedimentos operacionais padrão e ampliar o monitoramento em pontos de maior risco. A expectativa é que lições aprendidas com o caso de Juliana Marins fortaleçam a prevenção de novas tragédias no Monte Rinjani.