Trump acusa Irã e Israel de violar cessar-fogo e pressiona Tel Aviv a interromper ataques
Em postagem na rede "Truth Social", o presidente dos EUA disse não estar satisfeito com nenhum dos lados e ameaçou classificar novos bombardeios como “grande violação” do acordo mediado por Washington e Catar
24/06/2025 16:18
Ao embarcar rumo à cúpula da Otan em Haia, Donald Trump declarou não estar “feliz com Israel” e tampouco “com o Irã”, mas enfatizou que seu foco principal era conter os ataques israelenses. Em sua rede social Truth Social, o presidente escreveu: “Israel, não jogue suas bombas. Se fizer isso, será uma grande violação. Traga seus pilotos para casa, agora!”
O anúncio da trégua entre Israel e Irã ocorreu após contato direto de Trump com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e diálogo paralelo com o emir do Catar. Segundo um alto funcionário da Casa Branca, Israel concordou em cessar as operações desde que Teerã não lançasse novos ataques. O Irã, por sua vez, sinalizou aceitação por meio de representantes que participaram das conversas, embora o chanceler Abbas Araqchi tenha negado qualquer pacto ou suspensão formal das hostilidades horas depois.
Fontes da agência Reuters confirmam que, além de Trump, estiveram envolvidos nas negociações o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial Steve Witkoff. A interlocução com o Catar teve papel fundamental para convencer as partes a firmar a trégua e evitar expansão do conflito.
Panorama do conflito
O confronto começou em 13 de junho, quando Israel lançou um ataque contra instalações nucleares iranianas, alegando que Teerã estava próximo de obter uma bomba atômica. Nos dez dias seguintes:
• Israel bombardeou alvos militares e nucleares no Irã, incluindo a usina subterrânea de Fordow;
• O Irã retaliou com mísseis contra Tel Aviv, Haifa e Jerusalém;
• Os Estados Unidos atacaram a usina de Fordow – a 80 metros de profundidade – visando centrífugas de enriquecimento de urânio;
• O Irã respondeu com mísseis contra uma base americana no Catar, todos interceptados sem vítimas.
Autoridades americanas e catarianas afirmam que o ataque iraniano ao país do Golfo foi previamente avisado, em um gesto de retaliação simbólica para evitar escalada maior. Ainda assim, dezenas de civis morreram e milhares ficaram feridos nos dois lados.
Fragilidade do acordo
Especialistas apontam que o cessar-fogo, selado por mensagens em redes sociais e telefonemas de última hora, carece de mecanismos formais de verificação e pode ruir a qualquer momento. A declaração de Trump, impondo sanções verbais a Israel em público, escancara tensões que podem minar o entendimento, já que Tel Aviv tem autonomia para conduzir operações militares no Irã.
Enquanto o presidente americano tenta demonstrar equilíbrio entre aliados e adversários, a ausência de um canal diplomático institucionalizado torna o acordo vulnerável a novas escaladas. A promessa de Trump de “fazer Israel se acalmar” carece de instrumentos concretos para garantir cumprimento efetivo das cláusulas do cessar-fogo.