Guia rebate acusações após sumiço de brasileira em trilha de vulcão na Indonésia: “Jamais abandonei Juliana”
Parentes da publicitária desaparecida criticam conduta do guia; imprensa local diz que ela ficou para trás após relatar exaustão. Buscas foram suspensas pelo terceiro dia.
23/06/2025 17:41
O guia responsável por acompanhar Juliana Marins em uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, negou ter abandonado a brasileira antes de seu desaparecimento. Em declaração a O Verificador, Ali Musthofa, que atua na região desde novembro de 2023, disse que o combinado com Juliana era reencontrá-la adiante na trilha, após um breve descanso. Segundo ele, a situação foi mal interpretada e está sendo esclarecida às autoridades locais.
Musthofa afirmou que, ao perceber a demora da brasileira, retornou ao último ponto de parada e então notou a presença de uma lanterna em uma encosta, a cerca de 150 metros abaixo, de onde ouviu a voz de Juliana pedindo socorro.
— Eu disse a ela para descansar e que a esperaria um pouco à frente. Quando percebi que ela não aparecia, voltei. Foi então que vi a luz da lanterna e ouvi sua voz. Liguei imediatamente para minha agência, porque não havia como ajudá-la naquele ponto sem equipamento especializado — relatou o guia.
A empresa de turismo foi acionada e repassou as informações à equipe de resgate. Musthofa disse que Juliana contratou um pacote de trilha no valor equivalente a R$ 830.
Família critica lentidão e clima atrasa resgate
Nesta segunda-feira, familiares da brasileira informaram que as equipes iniciaram a descida em direção ao ponto onde Juliana foi localizada. Ainda assim, criticam a condução da operação, que, segundo eles, sofre recuos constantes devido ao mau tempo. Afirmam que Juliana está há três dias sem comida, água ou proteção térmica adequada, e denunciaram negligência das autoridades locais.
A última imagem confirmada da publicitária foi capturada por um drone às 17h10 de sábado (horário local), mostrando Juliana sentada, após a queda. Vídeos anteriores do passeio mostram a jovem em clima descontraído, caminhando entre montanhas e posando para fotos ao lado de amigas, antes do acidente.
Terreno hostil e resgate limitado
O Monte Rinjani, com 3.726 metros de altitude, é um dos destinos de trilha mais exigentes da Indonésia. A rota escolhida por Juliana previa uma jornada de três dias e duas noites.
Dois representantes da Embaixada do Brasil se deslocaram à ilha de Lombok para acompanhar de perto a operação. Vídeos enviados por autoridades locais à família mostram forte neblina e garoa, com baixa visibilidade e trilhas escorregadias. Segundo relatos recebidos por Mariana Marins, irmã da jovem, o local exato do acidente é “inóspito e arenoso”, dificultando qualquer aproximação aérea.
O acidente teria ocorrido por volta das 19h (horário de Brasília) de sexta-feira. Juliana não conseguiu fazer contato com a família, e as primeiras notícias chegaram por meio de outros turistas que utilizaram as redes sociais para localizar parentes da vítima.
Juliana Marins, de 26 anos, realiza um mochilão pela Ásia desde fevereiro. Já passou por países como Filipinas, Tailândia e Vietnã, documentando a viagem em perfis pessoais.
Operação entra no terceiro dia
As buscas são conduzidas pela Agência Nacional de Busca e Salvamento da Indonésia, que enfrenta condições climáticas adversas. A visibilidade é quase nula, segundo relatos oficiais, e o uso de drones tem sido comprometido. Ainda não há previsão para o resgate.
O Verificador acompanha o caso e continuará atualizando os leitores conforme houver novos desdobramentos.