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O Verificador

Tentativa de execução do bicheiro Vinicius Drumond envolveu cinco carros

Emboscada em plena luz do dia levou motoristas ao pânico, inclusive, pessoas com crianças, como mostram imagens de câmeras de segurança da Avenida das Américas

22/07/2025 13:12

Uma investigação detalhada da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) revela que os criminosos utilizaram cinco carros durante o planejamento e o ataque contra o bicheiro Vinicius Drumond. Além do Honda HR-V escuro, blindado e com dois furos meticulosamente feitos nos vidros das janelas do lado direito — por onde surgiram os canos de fuzil no atentado —, e de um HB20 branco, que dava cobertura aos atiradores, outros três veículos foram identificados pelos investigadores: um T-Cross, um Toyota RAV4 e um Nivus.

O crime ocorreu em plena luz do dia, na movimentada Avenida das Américas, no último dia 11, quando o contraventor deixava a academia localizada no Casa Shopping, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Às 10h55, Vinicius saía sozinho do estacionamento dirigindo seu Porsche Taycan Turbo 2023, enquanto seguranças o acompanhavam logo atrás em um Virtus preto. Ao avistarem o carro do bicheiro, dois veículos com criminosos, que estavam estacionados no canteiro central da Avenida das Américas, passaram a segui-lo.

A emboscada aconteceu em frente à estação do BRT Ricardo Marinho. Os atiradores dispararam cerca de 30 vezes contra o Porsche; alguns tiros chegaram a atravessar a blindagem, mas Vinicius sofreu apenas ferimentos leves causados por estilhaços. O ataque causou pânico entre motoristas próximos, que chegaram a abandonar seus carros — alguns com crianças — para se proteger atrás dos veículos.

Com base em imagens de câmeras de segurança coletadas antes e depois do crime, os investigadores conseguiram traçar as rotas de chegada e fuga dos criminosos. Após o atentado, o HB20 seguiu pela pista central da Avenida das Américas, enquanto o HR-V foi abandonado próximo ao cruzamento da Avenida Mário Pedrosa com a Estrada da Cachamorra, em Guaratiba. O carro apresentava marcas de tiros de dentro para fora e vice-versa. Os seguranças do bicheiro revidaram os disparos e ainda destruíram um dos pneus, obrigando o veículo a parar — mesmo assim, ele percorreu quase 40 quilômetros após o ataque.

Os atiradores renderam uma mulher e a obrigaram a levá-los até Nova Iguaçu, onde foram resgatados por um T-Cross, no Parque Estoril, próximo a um posto de gasolina. Até o momento, a DHC constatou que os três veículos usados no ataque eram clonados.

Pré-crime: investigadores voltam no tempo
Numa análise minuciosa das imagens captadas antes do atentado, os agentes da especializada identificaram outros veículos envolvidos no planejamento do crime contra Vinicius Pereira Drumond — herdeiro do bicheiro Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond, patrono da Imperatriz Leopoldinense, morto em 2020, vítima de AVC.

Um dos primeiros veículos detectados foi justamente o T-Cross. Dois dias antes do ataque, o ex-policial militar Deivyd Bruno Nogueira Vieira, conhecido como Piloto, esteve no Casa Shopping para monitorar o alvo, que frequentava a academia do local. O suspeito chegou a utilizar um caixa eletrônico e foi fotografado. Ele estacionou o T-Cross escuro no estacionamento — o mesmo que, segundo a análise da Polícia Civil, resgatou os atiradores em Nova Iguaçu.

Vínculos de policiais de Caxias também com morte de advogado
Deivyd já era investigado pela DHC por outro crime de grande repercussão, também cometido durante o dia e no Centro do Rio: o assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo, em 26 de fevereiro do ano passado, na calçada da OAB-RJ. Três suspeitos pelo homicídio já foram presos, entre eles o policial militar do 15º BPM (Caxias), Leandro Machado da Silva.

Vinicius, o alvo, também é um dos investigados por mandar matar o advogado. Os carros usados na execução de Rodrigo eram alugados na agência onde o bicheiro locava os veículos das pessoas que trabalhavam com ele. O contraventor Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, que já foi aliado de Vinicius, é outro alvo sob investigação pela morte do advogado, que tinha planos de criar sua própria Bet. A polícia acredita que esse seria o motivo para a sua execução.

Vinicius, Adilsinho e o bicheiro Rogério de Andrade chegaram a formar uma aliança conhecida no mundo da contravenção como "Santíssima Trindade". Adilsinho está foragido, acusado da morte de Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, e seu segurança, em 2022, quando saía de uma academia em Del Castilho, na Zona Norte. Rogério está preso na penitenciária de Campo Grande (MS), suspeito da morte de Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade, em novembro de 2020.

Aliás, os investigadores identificaram muitos vínculos com Duque de Caxias entre os envolvidos no ataque a Vinicius. Foi para lá que o T-Cross usado por Deivyd seguiu após resgatar os atiradores em Nova Iguaçu. O veículo passou pela Rua Hilariano Souza Bastos, que corre paralela à via onde mora o segundo suspeito pelos crimes contra o bicheiro e o advogado Rodrigo Crespo: Rafael Ferreira Silva, o Cachoeira. Para a polícia, Deivyd e Rafael atuaram juntos no planejamento do atentado contra o contraventor.

No mesmo dia do ataque, mas bem antes da execução, o HB20 já circulava pela Baixada Fluminense, às 6h15. E, como não há coincidências nesse tipo de crime, ele também estava em Caxias. Os dois ocupantes pararam para tomar um café reforçado numa padaria da região. Imagens do local mostram que se tratava do policial militar Luis Cesar da Cunha e de Adriano Carvalho de Araújo.





Foragidos: Adriano Carvalho de Araújo e Rafael Ferreira Silva, o Cachoeira; pode ligar para o Disque Denúncia: 2253-1177 — Foto: reprodução Polícia Civil




Outro homem, ainda não identificado, aparece conversando com a dupla na padaria. Ele chega ao local em um quarto carro supostamente utilizado na dinâmica do atentado: um Nivus de cor escura. Esse mesmo veículo foi flagrado cerca de quinze minutos antes, circulando por uma rua com pouca iluminação, nas proximidades da padaria. Em determinado momento, um Toyota RAV4 para à sua frente. O suspeito desce do Nivus carregando um objeto longo nas mãos e caminha em direção ao outro carro. Em seguida, retorna ao próprio veículo, ainda com o mesmo objeto.

Outro homem, ainda não identificado, aparece conversando com a dupla na padaria. Ele chega ao local em um quarto carro supostamente utilizado na dinâmica do atentado: um Nivus de cor escura. Esse mesmo veículo foi flagrado cerca de quinze minutos antes, circulando por uma rua com pouca iluminação, nas proximidades da padaria. Em determinado momento, um Toyota RAV4 para à sua frente. O suspeito desce do Nivus carregando um objeto longo nas mãos e caminha em direção ao outro carro. Em seguida, retorna ao próprio veículo, ainda com o mesmo objeto.

O envolvimento de policiais do batalhão de Caxias em execuções vem se tornando cada vez mais recorrente. Não à toa, a DHC investiga se os matadores de aluguel responsáveis por recentes homicídios ligados ao crime organizado integram essa unidade da PM da Baixada Fluminense. Eles estariam ocupando o espaço deixado pelo antigo Escritório do Crime — grupo de extermínio liderado pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto na Bahia, em fevereiro de 2020. A nova geração de pistoleiros já ganhou um nome entre investigadores: o "Novo Escritório do Crime".

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